quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Procuro-me...


Procuro-me onde me perdi...
Num dia sem data, nem hora.
Em algum sítio agora incógnito.
Poder voltar a encontrar
O ser que me reside...
Conseguir novamente vivenciar
O brilho da luz a invadir-me...
Sentir-me reunida comigo mesma.
Deixar o meu corpo se fundir
À imortalidade da minha alma
E a ela, passar a palavra
Para dar descanso à razão e coração.
Ninguém me haverá dito
Que por vezes saber demais,
Dói muito mais...
Nada agora se pode fazer...
E quem me acorda?!
Alguém viu onde me deixei?!
Onde fiquei?!
Junto as ferramentas da sabedoria,
A intuição é minha bússola,
As minhas experiências e conhecimento
São agora meu material de sobrevivência.
E com eles, quem sabe talvez tentar chegar
Ao lugar onde me sumi...
Quando voltar a me achar,
Regar-me-ei com a alegria da vida
Para criar profundas raízes
Na tanta e desejada eterna felicidade,
E assim não voltar mais
A ter de me procurar.

By Nathalie

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ninguém perde o que não é seu



Como podemos perder algo
Que nunca nos pertenceu...
Da mesma forma não se perde alguém
Que não retribui o nosso afecto...

É impossível abrir a mão
Do que nunca foi nosso...
Pois ela já se encontra vazia...
Nada tem para libertar, nem soltar.

Vivemos por vezes num mundo só nosso,
Onde distorcemos a realidade em fantasia.
A verdade dura e crua dói e faz sofrer...
Viramos-lhe as costas ao optar pela fácil ilusão.

A quem queremos enganar,
Ao sorrir, pular, dançar,
Quando nossa alma nos rói por dentro,
Se debate e grita:"Chega de te enganares!"...

Fugir ou saltar do comboio,
É de longe um acto de bravura...
A fuga e queda provocam corrosão,
Para mais tarde contagiar nosso coração.

Venham até mim fantasmas, monstros e temporais!
A todos combaterei e enfrentarei sem temer,
Com as melhores armas que possui,
Sendo elas meu amor, consciência e sabedoria.

By Nathalie

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Até Nós...


A minha vida só me é permitida,
Se outras, nela, são envolvidas.
Vidas que se cruzam e nos despertam,
Para toda e qualquer experiência destinada.

Seja ela de sorriso ou lágrimas no rosto,
É o que nos molda, enche e compõe.
Cada um acorda em nós, sentimentos sem igual...
Fazendo surgir, do nosso interior, o melhor ou o pior.

Alguns nos fazem o coração disparar,
Para depois o arrancar e espezinhar...
Há quem nos faça rir e sorrir,
E quem à noite o sono nos vem roubar...

Uns, juntos a nós, permanecem para sempre,
Outros guardam-se no tempo chamado passado.
Certos regressam e voltam a ficar para trás novamente.
Guardamos de todos o sabor do que se viveu...

Cabe-nos preservar e guardar o essencial,
Crescer e amadurecer com as nossas feridas e doídas.
Sentir toda a dor e alegria da emoção,
E dar ou não conclusão a uma relação.

Todos os que por mim passam e passaram,
De transporte me serviram até ao aqui e agora.
Sem eles seria impossível realizar essa jornada,
Por vezes agreste, até à minha auto-descoberta.

São tantas as voltas e reviravoltas que vida dá,
Que a vida acaba por nunca mais ser a mesma...
O que seria, se mais ninguém comigo partilhar,
Amarguras, doçuras, conflitos, alegrias ou fantasias...

A minha viagem veria seu fim chegar,
A minha alma de solidão e angústia morreria...
Se a mim não mais chegaria,
Sentimentos, pessoas e nossa partilha.

By Nathalie

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dona do Nada


Sou o que sou... não por aquilo que tenho ou deixo de ter...
Nada me pertence, nem mesmo da minha alma sou dona.
Ela sacia-se das essências que a envolvem,
De momentos cruzados com outros, do tempo que nos liga,
Das horas vagas passadas comigo mesma...
Nem as emoções e sentimentos são minha propriedade,
Pois eles saõ provocados por gente alheia...
A saúde é minha até um dia a perder,
Tal como a tristeza, a felicidade, as memórias esquecidas...
Ainda este texto que é parte de uma onda de inspiração.
Tornando a única certeza que eu possui,
Sendo a incerteza que gere a minha existência.
Como um nevoeiro que se abate no horizonte,
Instala-se e permanece por tempo infinito...
Deixando apenas lugar e vista
Para o próximo passo que vacila em continuar.
Assim como o desconhecido Amanhã
Que tanta curiosidade e ansiedade levanta,
Impede que o Agora seja desfrutado
E se esquece que ele foi o amanhã de ontem...
Quem me explica como se dá tempo ao tempo,
Se nem o vemos passar, nem o podemos tocar...
Ele foge-nos por entre os dedos,
E no entanto se agarra ao nosso corpo em forma de idade.
Que sou eu? De que sou feita?
Se nada é meu e me pertence...
Sou o momento presente, despida do que foi e está para vir.
Então o que meu poderia ser, é o conhecimento,
Acompanhado da desilusão de não empregar esse saber.
Pois sei que serenidade é viver sem a preocupação do futuro,
Um lugar que não é meu porque lá ainda não cheguei.
Sei que a esperança é confiar que por trás do nevoeiro,
Está o sol que brilha e a lua que sorri,
À distância do medo de avançar.
Se ao menos soubesse que sou dona do nada
E nada tenho a perder...

By Nathalie

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Som da Memória



Memórias aprisionadas em cofres repletos de poeira,
Escondidas por entre teias mortas,
Perdidas no denso escuro de uma velha falsa...
Elas emergem do nada, como por magia,
Das águas obscuras de um passado,
Do qual nos pertenceu e fizemos parte.
Tudo isso acontece e se desvenda
Quando ouvimos o som de uma melodia,
Que nos transporta ao tempo do já foi...
Limpando os cofres empoeirados, as teias mortas...
Ilumina a falsa como o sol que penetra madeira rachada.
Regressamos a capítulos julgados de esquecidos.
Cada música associada a diferentes fases por nós passadas...
De gestos feitos, palavras ditas, pessoas e mais pessoas...
Conseguimos por instantes reviver e relembrar,
O sentimento vivido quando aquele som estava no ar.
Poder voltar a ouvir serenamente, a balada ligada à dor...
A música envolve a nossa alma e coração,
Permanece enlaçada ao que já passamos...
Como se se tratasse de um filme sobre nossa existência.
Ainda recordo a melodia do meu primeiro beijo,
Do som de tempos felizes, tristes, doces, amargos...
Sou levada até a rostos que se sumiram,
A quem já partilhou aquela música comigo.
Rodeio-me de música antiga para o pó não assentar...
Escuto novas melodias, poderei estar a marcar um momento...

By Nathalie