quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dona do Nada


Sou o que sou... não por aquilo que tenho ou deixo de ter...
Nada me pertence, nem mesmo da minha alma sou dona.
Ela sacia-se das essências que a envolvem,
De momentos cruzados com outros, do tempo que nos liga,
Das horas vagas passadas comigo mesma...
Nem as emoções e sentimentos são minha propriedade,
Pois eles saõ provocados por gente alheia...
A saúde é minha até um dia a perder,
Tal como a tristeza, a felicidade, as memórias esquecidas...
Ainda este texto que é parte de uma onda de inspiração.
Tornando a única certeza que eu possui,
Sendo a incerteza que gere a minha existência.
Como um nevoeiro que se abate no horizonte,
Instala-se e permanece por tempo infinito...
Deixando apenas lugar e vista
Para o próximo passo que vacila em continuar.
Assim como o desconhecido Amanhã
Que tanta curiosidade e ansiedade levanta,
Impede que o Agora seja desfrutado
E se esquece que ele foi o amanhã de ontem...
Quem me explica como se dá tempo ao tempo,
Se nem o vemos passar, nem o podemos tocar...
Ele foge-nos por entre os dedos,
E no entanto se agarra ao nosso corpo em forma de idade.
Que sou eu? De que sou feita?
Se nada é meu e me pertence...
Sou o momento presente, despida do que foi e está para vir.
Então o que meu poderia ser, é o conhecimento,
Acompanhado da desilusão de não empregar esse saber.
Pois sei que serenidade é viver sem a preocupação do futuro,
Um lugar que não é meu porque lá ainda não cheguei.
Sei que a esperança é confiar que por trás do nevoeiro,
Está o sol que brilha e a lua que sorri,
À distância do medo de avançar.
Se ao menos soubesse que sou dona do nada
E nada tenho a perder...

By Nathalie